Por que estudar as Erythroxylaceae?
Caros (as) botânicos (as) ou entusiastas da nossa flora,
Aqui é a Profa. Dra. Iracema Loiola e este é o post inaugural do blog do Laboratório por mim liderado, o LASEV.
Vocês devem estar se perguntando, qual a importância de estudarmos as plantas? Quais os aspectos ecológicos que influenciam-nas e como classificá-las? Esta e muitas outras indagações foram surgindo ao longo da minha vida como estudante e, posteriormente como professora-pesquisadora.
É isto que estamos propondo aqui. Um encontro com as nossas pesquisas em taxonomia, evolução e ecologia das espécies da flora do semiárido nordestino.
Então, o por que de estudar as Erythroxylaceae?
Meus estudos sobre as Erythroxylaceae iniciaram-se em 1997, por sugestão do Dr. Simon Joseph Mayo (Royal Botanic Garden, Kew/Inglaterra) como objeto de estudo do meu curso de doutorado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Um fato que me chamou a atenção foi de verificar que Erythroxylaceae era família bem representada na flora brasileira e que não existia nenhum especialista trabalhando com o grupo desde o falecimento do Dr. Timothy Plowman, Field Museum, Chicago/USA, em 1989.
Erythroxylaceae é uma família pantropical, composta por quatro gêneros. No entanto, está representada nos neotrópicos apenas pelo gênero Erythroxylum. Nesta região ocorrem aproximadamente 200 espécies exclusivas do continente americano, distribuídas desde o México, América Central, Antilhas e América do Sul. Nas Américas, o principal centro de diversidade e endemismo de Erythroxylum encontra-se no Brasil, onde foram registradas 127 espécies, sendo 83 endêmicas ao país.
Em território brasileiro, as regiões Nordeste (78) e Sudeste (54) concentram a maior diversidade de espécies, sendo também na primeira onde ocorre o maior número de táxons endêmicos (34). A maior parte das espécies é encontrada em florestas úmidas das regiões Amazônica e Atlântica e outra parte expressiva ocorre em tipos vegetacionais mais secos, como Caatinga e Cerrado.
Ao longo destes anos, desenvolvi vários estudos sobre os representantes de Erythroxylaceae ocorrentes na região Neotropical, especialmente no Brasil. Estes estudos estão relacionados às minhas próprias pesquisas, como também são resultados de trabalhos desenvolvidos por alunos de graduação e pós-graduação a nível de mestrado e doutorado, por mim orientados.
Além de tudo que já disse, Erythroxylaceae constitui meu grupo de estudo a quase 20 anos e com certeza teremos muitas espécies novas e questões ecológicas a serem respondidas com o estudo desta família.
É por tudo isso que estudo esta família fascinante que é Erythroxylaceae.
Mas, pesquisamos muitas outras!
E que venham mais famílias e estudantes para aumentar nossa contribuição para o entendimento da diversidade do Ceará e do Brasil.
Espero que muitos leiam nossos trabalhos e que mais estudantes dediquem-se a botânica.
Deixo abaixo uma linda imagem para vocês das flores de Erythroxylum deciduum.
Abração,
Profa. Dra. Maria Iracema Bezerra Loiola.
